sábado, 12 de julho de 2014

A Tiamina e o Beribéri

      O beribéri é um importante problema de saúde pública, determinado pelas condições de vida e trabalho, sendo imprescindível, além das políticas de saúde, a definição de ações no bojo das políticas sociais para o seu enfrentamento. É uma doença de natureza carencial, causada pela ausência de tiamina (vitamina B1), que apesar de ser tratada com facilidade, pode gerar morte.

      O beribéri é uma enfermidade gerada pela carência de tiamina (vitamina B1), vitamina importante para o metabolismo dos carboidratos e aminoácidos e essencial nas reações que produzem energia. A tiamina geralmente é encontrada em cereais, grãos, legumes, leveduras e carnes (especialmente vísceras, carne de porco e de vaca).
      A deficiência de tiamina ocorre, geralmente, em populações que têm como principal componente da dieta a mandioca ou farinha de mandioca, o arroz polido ou moído, e/ou a farinha de trigo, ou seja, alimentos pobres em tiamina.
      A vitamina B1 é bastante instável, podendo, ainda, ser danificada com o modo de preparo e cozimento dos alimentos. Por ser hidrossolúvel e termolábil, a maior parte dessa vitamina é perdida, por exemplo, quando o arroz é lavado antes do cozimento, no próprio processo de cozimento e quando a água de cozimento é descartada.
      Além disso, o organismo humano não consegue manter reservas significativas de tiamina e, deste modo, a sua deficiência pode ser desenvolvida em um período de dois a três meses de ingestão insuficiente. Os sinais e sintomas, inicialmente, são leves como insônia, nervosismo, irritação, fadiga, perda de apetite e energia, mas podem evoluir para quadros mais graves, como parestesia, edema de membros inferiores, dificuldade respiratória e cardiopatia.
      Como a vitamina B1 é um importante cofator das reações relacionadas ao metabolismo dos carboidratos e dos aminoácidos, dietas muito energéticas aumentam a demanda por tiamina, podendo contribuir para o agravamento do quadro clínico de deficiência. Quando há carência dessa vitamina pode, ainda, haver redução na formação da acetilcolina e comprometimento da função neural e cardiovascular.



      As formas clínicas do beribéri podem apresentar-se isoladas ou associadas, sendo classificadas como beribéri seco, beribéri úmido e beribéri shoshin.
      O beribéri seco evidencia-se por neuropatia sensitivo-motora bilateral e simétrica. Ele afeta, principalmente, os membros inferiores, iniciando-se com parestesias e sensação de queimação nos pés, dores nas pernas, marcha lenta e vacilante, dificuldade para levantar-se da posição agachada, exacerbação dos reflexos tendinosos e sensibilidade vibratória diminuída nos dedos dos pés.
      O beribéri úmido é caracterizada por insuficiência cardíaca de alto débito devido à retenção de sódio e água, vasodilatação periférica e insuficiência biventricular (circulação hiperdinâmica e hipertrofia miocárdica). 
     A palavra “Shoshin” deriva do japonês, em que “sho” significa “dano agudo” e “shin”, significa “coração”. Refere-se à insuficiência cardíaca fulminante, de início súbito, com acidose lática e insuficiência biventricular, o que caracteriza o beribéri shoshin.
  


Fontes:

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria Especial de Saúde indígena. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Consulta para Vigilância Epidemiológica, Assistência e Atenção Nutricional dos Casos de Beribéri / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria Especial de Saúde indígena. Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2012. 66 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)


9 comentários:

  1. Vale lembrar outras causas de deficiência de vitamina B1: a inibição da sua absorção pelo fungo Penicillium citreonigrum e a ingestão de enzimas encontradas em peixes de rio. O beribéri é de facil tratamento, mas casos graves não tratados podem levar à cegueira, paralisia e mesmo à morte. Essa doença dificilmente é encontrada em países desenvolvidos e é mais comum em comunidades pobres.

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  2. Os números de casos de Beribéri aumentou muito a partir do século XIX, especialmente na Ásia, quando passou-se a polir o arroz, pois a tiamina se encontra na casca do arroz. Assim, quando ele é beneficiado, despreza-se a casca. Hoje, para reverter essa perda do nutriente no tratamento do arroz ele é enriquecido com a vitamina B1 durante a produção.
    Como citado na postagem, a Tiamina é muito importante no metabolismo. As principais funções dela envolve a catálise de reações de descarboxilação oxidativa e não-oxidativa dos alfa-cetoácidos e de reações de transcetolação (reação da via das pentoses). fosfato.

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  3. O beribéri ,característico da ausência de vitamina B1 ou tiamina, pode ser causado por diversos fatores além do mais óbvio; uma dieta pobre na vitamina. Entre estes podemos citar como os principais: o abuso de álcool, que pode dificultar a absorção desse nutriente, algumas infecções, como a de Penicillium citreonigrum, também responsáveis por reduções no nível de absorção pelo intestino, diarreias e/ou vômitos por longos períodos, podendo ser causado também por alguma doenças genéticas, a maioria relativamente rara.

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  5. No tratamento desta doença, vemos a importância de uma intervenção fisioterapêutica cardiorrespiratória, já que o paciente apresenta dificuldades respiratórias devido a alterações musculares, levando o indivíduo a um grande encurtamento muscular que ainda acarreta grandes dificuldades de deambulação e realização das atividades da vida diária. O beribéri é uma doença que se caracteriza por alterações nervosas, cerebrais e cardíacas. Sintomas: As alterações nervosas começam como uma sensação de formigamento nos dedos dos pés, que se torna particularmente intensa à noite, câimbras musculares na panturrilha e dor nas pernas e nos pés. Os sintomas iniciais do beribéri podem incluem a confusão mental, a laringite e a visão dupla.

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  6. Além do beribéri a carência de tiamina também pode causar outras doenças mais raras como a Encefalopatia de Wernicke, que está relacionada com a falta de vitamina B1 e a ingestão excessiva de glicose. Os sintomas apresentados nessa situação caracterizados por uma tríade: ataxia, oftalmoplegia e confusão mental. Também existe a Síndrome de Korsakoff que é a manifestação crônica da falta de vitamina B1, em que os indivíduos afetados apresentam amnésia anterógrada, confabulação e desorientação.

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  7. Como programa importante para compor as estratégias de atenção básica, deveria ser implementada uma legislação que prevê a adição de tiamina a algum alimento básico, aos moldes da adição de iodo no sal de cozinha para prevenção do bócio endêmico principalmente no interior, já que no litoral, a alimentação com base em peixe diminui os índices desta doença. Se isso não for possível, ou então até que outros avanços fossem alcançados, devia ser posto em prática programas que incluam na alimentação escolar alimentos que supram a necessidade diária de tiamina, através de uma alimentação com carne, leite, ovos e legumes. Outra forma é incluir na cesta básica tais alimentos, para que todos os integrantes da família possam ter acesso a eles. Isso, além de prevenir o beribéri, diminui os gastos com a saúde pública, direcionando os investimentos para setores mais emergenciais.

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  8. É interessante notar que o beriberi é raro em países desenvolvidos porque alguns dos alimentos mais consumidos são enriquecidos com vitaminas, como arroz e cereal. Atualmente o beribéri ocorre predominantemente em pacientes alcoolistas. O consumo excessivo de álcool causa diarreia, poliúria(urinar com frequência) e vômitos o que prejudica a absorção e armazenamento de vitaminas hidrossolúveis.

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  9. Interessante saber que a falta de uma vitamina, que muitas pessoas não sabem porque é importante, pode causar tantos problemas como dor no coração, como o ultimo caso, e até a morte. A maioria das pessoas acredita que uma pessoa com carência de vitamina não pode morrer, mas apenas ficar com um quadro de fraqueza e falta de coragem. A tiamina faz parte da TPP, importante cofator da enzima piruvato desidrogenase, importante no metabolismo dos carboidratos. é fácil perceber como sua carência pode levar à morte.

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